terça-feira, 24 de maio de 2011

Astroama. Astrologia Ritualística

por Hector Othon

O Sol, a Lua, os Planetas, os Asteroides, as Estrelas: Forças Arquetípicas e Energias Anímicas

O Sol, a Lua, os planetas, os asteroides e as estrelas podem ser vistos como os corpos que abrigam e manifestam forças anímicas, inteligentes, espirituais e arquetípicas. Essas forças se expressam na pessoa como as potências das funções básicas da personalidade, bem como nas funções dramáticas que podem ser identificadas e ganham um brilho especial em qualquer situação humana.

Esses corpos celestes reinam no Céu e estendem sua ordem e domínio nas diferentes formas de manifestação da vida na Terra. Em nós, seres humanos, eles ganham uma riqueza de expressão, revelando o potencial de suas energias celestiais, bem como a bênção da sensibilidade e inteligência que emanam das frequências mais elevadas.

O ser humano e o Sistema Solar compartilham a mesma essência e a mesma ordem.

Os Ciclos Planetários e a Vida na Terra

Os ciclos dos planetas no Zodíaco estão intimamente associados aos ciclos da vida na Terra. O estudo do significado astrológico do posicionamento dos planetas nos signos permite compreender o "astral" do que ocorre com um indivíduo em sua vida, bem como entender como os planetas em trânsito ativam os planetas natais.

A conexão entre a evolução planetária no zodíaco e os eventos na vida de uma pessoa é profunda, forte e rica, a ponto de impressionar – ou até assombrar. Eu, como bom virginiano com ascendente em Capricórnio, jamais imaginei que seria possível uma relação tão estreita e íntima entre a personalidade de alguém e o céu de nascimento. Só quando fui iniciado na compreensão do meu próprio mapa natal experimentei essa iluminação. Desde então, há mais de vinte anos, continuo a pesquisar, experimentar e me deliciar com essa conexão entre o celestial e o terrestre.

A Visão Antiga e a Ciência Moderna

Os antigos identificavam os planetas e as estrelas como corpos e moradas dos deuses, que estavam presentes e participavam ativamente de suas vidas cotidianas. Hoje, a ciência, a tecnologia e a sensibilidade estão permitindo experimentar essas conexões de maneira mais facilitada e rica. Lamentavelmente, ainda são poucos os privilegiados que têm acesso a esses conhecimentos profundos.

A presença dos planetas em uma pessoa pode ser reconhecida a partir do conhecimento dos atributos e características dos planetas na Astrologia.

A Astrologia e a Mitologia: Um Prisma de Relacionamento

A Astrologia, assim como a Mitologia, é construída a partir de um olhar, um prisma, uma visão, e uma experiência do relacionamento do céu com o indivíduo. O conteúdo e o significado de um planeta transcendem os deuses mitológicos que tradicionalmente associamos a ele. Pessoalmente, acredito que seria mais justo e mais adequado se os planetas não fossem apenas nomeados com os nomes dos deuses mitológicos, mas também através das qualidades que eles representam. Por exemplo, Marte poderia ser chamado de "Guerreiro", mas também poderia ser recontextualizado como "Pazeiro" – aquele que age e transforma através da paz e do amor.

Ainda assim, o mais importante é estar atento ao fato de que o planeta transcende o nome que lhe é dado. Não se trata apenas do nome mitológico, mas da energia e dos significados que esse planeta carrega.

Reflexão sobre a Linguagem Astrológica

Em um encontro de astrólogos da Escola Gaia, durante uma dramatização, um "preto velho" se manifestou em uma interpretação de Saturno e questionou:

“Porque vocês, astrólogos, falam astrologia em grego? Os planetas ainda não falaram seus nomes em brasileiro? Se esses planetas são tão importantes, eles têm que ter seus nomes em brasileiro. Jesus, Maria, José, Santos e Orixás, como se relacionam com os planetas?”

Esclareço que não sou contra as valiosas informações que a mitologia greco-romana e os antigos astrólogos nos legaram, mas acredito que, ao ler sobre os planetas e signos zodiacais, o astrólogo deve utilizar mitologias vivas da cultura à qual pertence. Essas mitologias, que formam parte das religiões ou ritualísticas vivas, são mais conectadas ao astrólogo, ao estudioso e ao consulente.

Por exemplo, não devemos confundir o deus Plutão (Hades) com o planeta que leva seu nome. O deus Plutão é apenas uma faceta do planeta que recebe esse nome. Eu pessoalmente associo o planeta Plutão mais ao deus indiano Shiva. Dentro da própria mitologia grega, acho que Dionísio é mais representativo astrologicamente para esse planeta. Na mitologia cristã, também vejo uma correspondência com Lúcifer. No entanto, conheço muito pouco sobre o deus Plutão da mitologia romana ou o deus Hades da mitologia grega. Se alguém tiver mais informações sobre essas figuras, fico grato por compartilhá-las.

Cada pessoa deve construir sua relação pessoal com o Sol, a Lua, os planetas, os signos e as estrelas. Essas relações e vínculos são vitais e reais, mas ainda, na maioria das vezes, inconscientes. No entanto, devem ser observadas com atenção especial, pois a compreensão da linguagem astrológica permite entender as potências que habitam o mundo pessoal, a sociedade, a natureza e tudo o que existe na Terra.

Astroama ou Astrologia Ritualística

Gosto de chamar a Astrologia que pratico de Astroama ou Astropsicovivência; agora também uso o nome Astrologia Ritualística. Minha mestra em Psicodrama, Marisa Greeb, me aconselhou em 1987 o nome para meu trabalho de "Astrodrama" ou "Astrovivência".

Na minha abordagem da Astrologia, tenho uma indiscutível influência da Santeria cubana, do Psicodrama e do Teatro. Desde pequeno, acompanho os trabalhos espirituais em terreiros de Santeria em Cuba. Quando criança, era tão real e normal me relacionar com os Orixás, Santos e Entidades, quanto com as pessoas. O teatro também esteve presente em minha vida desde minha juventude. Sou ator, dançarino e diretor de teatro. No Brasil, meu terreiro de teatro é o Teatro Oficina, sob a direção alegre do querido José Celso Martinez Correa.

Sei que há colegas que estão desenvolvendo trabalhos semelhantes, tanto no Brasil quanto no exterior. No Brasil, conheço o trabalho de meu amigo astrólogo Maurice Jacoel, que está ligado a astrólogos norte-americanos que ainda não conheci. Também conheci a astrovivência de Robson Papaleo, com suas viagens pelos planetas. Mas, lamentavelmente, não tive ainda a oportunidade de compartilhar meu trabalho com eles.

Tenho Saturno na casa 11, então sou mais reservado, mas estou aberto para compartilhar tudo o que sei e conhecer outros enfoques e experiências.

Criei o Astroama devido à minha necessidade de ativar o relacionamento vivo entre os planetas, os signos, as estrelas e a pessoa. Para isso, me auxilio da Astrologia sistêmica, das Constelações familiares sistêmicas, do Psicodrama, do Psicotranse, do Xamanismo e do Teatro.

A parte do Astroama que lida com ritos e cerimônias chama-se Astrologia Ritualística, especializada em estudar e criar rituais que contribuam com a consciência da relação com os planetas, os signos, as casas, as estrelas e a pessoa.

A Astrologia Ritualística também estuda a arte de canalizar mensagens do Sistema Familiar, dos mestres e guias da pessoa, e de identificar sinais das entidades espirituais associadas aos planetas.

São utilizadas como técnicas de apoio: Psicodrama, Psicotranse, Constelações familiares, dramatizações, jogos dramáticos, trabalhos com máscaras, danças circulares sagradas, meditações, visualizações, expressão corporal, cantos, orações, rituais e cerimônias.

Dentro das práticas da Astrologia Ritualística, destaca-se a Gira Planetária ou Gira dos Astros.


Gira Planetária ou Gira dos Astros

A Gira Planetária é a prática de rituais que consideram os Astros, os Signos do Zodíaco e as Estrelas como entidades, forças vivas e espirituais, presentes na vida.

Exemplos de Gira:

  • Viagem pelo Sistema Solar através de visualizações, onde o viajante encontra-se e se relaciona com os planetas no ambiente protegido das Estações planetárias. Nessas visitas às estações planetárias, a pessoa desenvolve habilidades, identifica erros e aprende;
  • Exercícios psicodramáticos e jogos dramáticos para iluminar situações planetárias natais;
  • Cultos e cerimônias aos planetas através de preces, cantos, danças;
  • Celebração de rituais para momentos celestiais especiais, como as fases da Lua, a entrada do Sol, da Lua e dos planetas nos signos ou configurações astrológicas especiais.

Para cada ente astrológico, são criados santuários, figurinos, máscaras, cantos, poemas, danças, oferendas e ditirambos, como deveriam realizar os antigos astrólogos na Mesopotâmia, Grécia e outros povos.

Por exemplo, para identificar a energia de um determinado planeta, como Saturno, explicam-se as características e atributos do Ser Saturno e da função dramática Saturno. A pessoa é paramentada com o figurino e objetos de cena de Saturno, e a faculdade Saturno é explicitada segundo o seu mapa natal. A pessoa então identifica a sua função e se sente em condições de representar a identidade Saturno que vive nela.

Incorporado de Saturno, informa-se a situação astrológica de Saturno e inicia-se a dramatização. A própria pessoa incorpora seu Saturno e falará o que deve ser ouvido.

Saturno também pode ser construído como uma função dramática ou papel mundano, tal como o castrador, o limitador, o Pai, o Maestro, a pessoa sábia, o velho pessoal, etc.

Minha personalidade é do tipo experimentador e, com a vida, aprendi a importância de praticar rituais que se nutrem da experiência milenar de conviver com as forças da Natureza e do Universo.

O Astrólogo que se abre para uma relação direta com o Sistema Solar, as Estrelas e o Zodíaco penetra numa fonte generosa que alimenta sua alma e propicia uma compreensão mais ampla do Simbolismo Astrológico. É uma bênção experimentar falar e se relacionar com as entidades planetárias, assim como os católicos com seus santos, os umbandistas com seus Orixás ou os atores com seus personagens.

O desfrute cotidiano da estreita relação entre a vida, o Sistema Solar e o Zodíaco é um verdadeiro privilégio. Além de usufruir dos presentes que nos oferece a Astrologia, através do estudo do mapa natal e das previsões, podemos usufruir dos planetas como entidades vivas dentro e fora de nós, com possibilidade de comunicação e relacionamento cotidiano com elas.

Os astros estão associados a entidades espirituais com as quais se pode manter uma relação pessoal, assim como com Deus, o pai-mãe de todos nesse Universo, ou com as forças da natureza: o trovão, a chuva, o vento, etc.

As Estações Planetárias são um conceito fascinante na Astrologia Ritualística e refletem a ideia de que os planetas não são apenas pontos no céu, mas forças espirituais ativas que influenciam nossa vida de maneira profunda e pessoal. Elas representam espaços simbólicos, e, para alguns astrólogos sensitivos, essas estações também existem em planos espirituais, além do simbólico.

Ao explorar as Estações Planetárias, a pessoa entra em contato com a energia de um planeta dentro de si, o que permite um entendimento profundo das qualidades e desafios que aquele planeta representa no seu mapa natal. Cada estação está associada a aspectos específicos da vida e da personalidade, oferecendo oportunidades para cura, aprimoramento e expansão da consciência.

Exemplo de Estação de Vênus:

  • Cura nas relações amorosas: A estação de Vênus permite tratar e curar feridas no amor, ajudando a compreender melhor os próprios padrões afetivos, necessidades e a maneira de se relacionar com os outros.

  • Autoconhecimento e satisfação: Essa estação oferece a oportunidade de se conectar com o que se percebe como belo e harmonioso, ajudando a identificar o que traz prazer, satisfação e bem-estar. Ao compreender melhor o próprio conceito de beleza, a pessoa pode alinhar suas ações e desejos com aquilo que verdadeiramente ressoa com seu ser interior.

  • Dinâmica do amor e do dinheiro: A estação de Vênus também permite uma exploração profunda de como se pode ganhar dinheiro e viver com mais beleza, harmonia e equilíbrio financeiro. Identificar os talentos e habilidades relacionadas à criação de riquezas materiais e afetivas é uma das práticas desta estação.

  • Recuperação e aprimoramento: Se a pessoa passou por experiências dolorosas, a estação de Vênus é um espaço para resgatar o potencial de cura e renovação, tanto nas relações pessoais quanto no aspecto material de sua vida. É uma oportunidade de melhorar as habilidades, assimilar novos conhecimentos e elaborar planos de aprimoramento pessoal.

Em cada estação planetária, o objetivo é entrar em contato direto com a energia do planeta em questão, aprofundar a compreensão de sua influência e aprender a aplicar esse conhecimento no dia a dia. Esse processo pode incluir rituais, visualizações, meditações, e práticas de autoconsciência, ajudando a pessoa a fortalecer sua relação com as energias astrológicas que regem seu mapa natal e sua vida.

Assim, as Estações Planetárias funcionam como um tipo de "laboratório" onde é possível estudar e experimentar as qualidades de cada planeta, expandindo a consciência e promovendo um processo contínuo de cura e crescimento.

O conceito de “Gira Planetária” ou “Gira dos Astros” aborda uma prática espiritual e simbólica que integra os planetas, signos do zodíaco e as estrelas como entidades vivas e espirituais que influenciam a vida humana. Essa abordagem se inspira na sabedoria ancestral de culturas como a Mesopotâmia e a Grécia, onde rituais e cerimônias eram realizados para se conectar com as forças celestes.

Exemplos de Gira Planetária:

  • Viagem pelo Sistema Solar: Visualizações onde a pessoa visita as “Estações Planetárias”, espaços simbólicos (ou espirituais, segundo alguns astrólogos sensitivos) associados a cada planeta. Nessas estações, a pessoa pode desenvolver habilidades, aprender com os planetas, resolver erros e se aprimorar.

  • Exercícios Psicodramáticos e Jogos Dramáticos: Usados para explorar aspectos astrológicos do mapa natal, as pessoas podem incorporar as energias planetárias de forma prática e direta, dramatizando seus desafios, habilidades e relações com outros planetas.

  • Rituais Celestiais: Cânticos, danças, oferendas e cerimônias celebram momentos especiais como as fases da Lua, entradas do Sol e planetas em signos, ou aspectos astrológicos importantes.

Estações Planetárias:

Cada planeta é associado a uma “estação” ou “laboratório” simbólico onde se pode interagir com as energias planetárias, compreender como elas se manifestam na pessoa e usar essas informações para cura, autoconhecimento e aprimoramento. Por exemplo:

  • Estação de Vênus: Permite trabalhar questões relacionadas ao amor, à estética pessoal, ao prazer e à forma como se percebe a beleza e a harmonia no mundo. Também pode ajudar na melhoria das finanças e no entendimento das relações interpessoais.

Leitura Dramática do Mapa Natal:

O mapa natal é interpretado como um "drama" planetário, onde os planetas são vistos como personagens que desempenham papéis diferentes na vida da pessoa. Cada aspecto astrológico pode revelar um enredo pessoal, com os planetas atuando como personagens que expressam diferentes facetas da personalidade e dos desafios enfrentados.

O Eu Planetário:

Cada planeta no mapa natal pode ser associado a um “eu planetário”, uma faceta da personalidade. Por exemplo, uma pessoa com forte influência de Marte pode expressar um eu energético e assertivo, enquanto uma pessoa com uma Lua destacada pode ser mais emocional e sensível. Esses "eus planetários" podem variar de acordo com os estímulos da vida cotidiana, e cada planeta tem uma maneira distinta de influenciar a forma de ser da pessoa.

O Olimpo Pessoal:

O conceito de “Olimpo pessoal” representa o conjunto dos eus planetários que habitam uma pessoa, com cada planeta representando uma faceta diferente de sua identidade. Assim como no Olimpo grego, onde diferentes deuses e deusas representam diferentes forças e aspectos da vida, cada planeta simboliza um aspecto importante da personalidade humana.

Essa abordagem oferece uma maneira profunda e simbólica de interagir com a astrologia, onde a relação com os planetas vai além da análise técnica do mapa natal, convidando à experiência direta e pessoal com as energias celestiais. Ao se conscientizar dessas forças interiores, é possível harmonizar os diferentes eus planetários e alcançar um estado de maior equilíbrio e autocompreensão.


Hector Othon
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